domingo, 7 de outubro de 2007

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Mas você não era, em meus braços, um corpo abandonado, mas uma mulher inteira. Sorria para mim, de frente, para que eu soubesse que você estava ali livremente, e não perdida no tumulto. Não se sentia a presa de uma fatalidade vergonhosa; em meio aos transportes mais apaixonados, havia algo em sua voz, em seu sorriso, que dizia : "É porque eu quero." Aquela constância em declarar-se livre punha-me em paz comigo mesmo.
Diante de você, eu não tinha remorsos.
Diante de você.
Mas não estávamos sozinhos no mundo.

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Nunca fui capaz de uma paixão. Vivo girando em meio aos meus remorsos e aos meus escrúpulos. Com a única preocupação de não sujar minhas mãos. É o que denomino uma natureza ingrata, do gênero constipado.


O SANGUE DOS OUTROS

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